Por Mateus Vilar Schuler (@reportermateus)
O clube se junta a Quilmes e Huracán, que já estavam rebaixados. O quarto sairá do confronto entre Gimnasia y Esgrima e San Martin, que acontece ainda neste domingo. O clube portenho também repete o feito de alguns grandes clubes brasileiros, como Palmeiras, Botafogo, Fluminense, Atlético-MG, Grêmio, Corinthians e Vasco, que também já amargaram a queda.
O último jogo do River Plate como um time da elite argentina esteve longe de ser um espetáculo. No entanto, teve todos uns ingredientes dramáticos de uma apresentação de tango. Os torcedores do maior campeão argentino não estavam em nenhuma luxuosa casa de tango de Buenos Aires, mas não conteram as lágrimas no amargo empate contra o Belgrano, por 1 a 1, na tarde deste domingo, no Monumental de Nuñez. O jogo pela repescagem do Campeonato Argentino.
Na partida de ida, o clube de Córdoba havia vencido, por 2 a 0, e poderia perder por até um gol de diferença. O empate foi mais que o suficiente para confirmar seu retorno à elite. Os “Millionarios”, por sua vez, amargam o primeiro rebaixamento em 110 anos anos de história, que já contou com grandes craques como Di Stéfano, Fillol, Perfumo, Passarella, entre outros.
E olha que para ser rebaixado na Argentina é necessário esforço tremendo dos grandes clubes. Afinal, os hermanos adotam um sistema chamado de “promedio”, que soma os pontos conquistados nas últimas três temporadas dividida pelo número de jogos disputados no mesmo período. A classificação levando em consideração esta média é quem define o rebaixado.
O JOGO
A partida foi dramática desde seu início. Nem mesmo os quase 60 mil torcedores presente no Monumental foram suficientes para empurrar o River à vitória. E o apoio não foi pouco. Praticamente todos os 90 minutos, os fanáticos argentinos empurraram, mesmo nos momentos mais dramáticos.
Logo aos cinco minutos de jogo, o atacante Pavone abriu o placar para o River, criando uma falsa esperança para a torcida mandante. Daí em diante, foi um drama só. O Belgrano suportou a pressão e saía sempre em velocidade na esfacelada zaga adversária.
E foi desta maneira, em um contra-ataque nas costas da defesa, que o atacante Farre empatou o jogo, aos 16 minutos do segundo tempo. Para aumentar o drama, o mesmo Pavone teve uma chance de ouro de incendiar o jogo, aos 23. Mas ele, como em um roteiro já escrito, chutou nas mãos do goleiro.
A partir daí não teve mais jogo. Nervoso, o time da casa esbarrou na marcação adversária. Aos 40 minutos, as arquibancadas vieram abaixo em uma explosão de violência e o jogo teve de ser finalizado antes do tempo, para que a polícia pudesse espantar os torcedores que queriam invadir o campo.
Mesmo antes do apito final do árbitro Sergio Pezzotta, o gramado virou um lago de lágrimas. Os torcedores do River Plate se desesperaram e tentavam rasgar as próprias roupas. Os do Belgrano gritavam como loucos, sem acreditar na classificação histórica para a divisão de elite.
Outros transformaram a dor em ódio e, armados com pedaços de madeira retirados dos bancos, tentavam invadir os vestiários. Os policiais fizeram um círculo de proteção e conduziram o grupo de 11 jogadores para o vestiário. Esses vão levar a cicatriz de terem rebaixado o time depois de 110 anos de história. O time era um dos três que nunca haviam caído - os outros são Boca Juniors e Independiente.
O River Plate não caiu neste domingo. Foi despencando um pouquinho a cada rodada. O time terminou o campeonato com uma sequência de nove jogos sem vitória. Desde 2008, ano em que ficou em 20º lugar, o clube passou pelas mãos de cinco técnicos (Diego Simeone, Nestor Gorosito, Leonardo Astrada, Angel Cappa e Juan José López).