Depois de algum tempo paradas, as entrevistas do Quem Não Faz... Leva! voltaram. E como passamos muito tempo parados, a entrevista teria que ser com alguém de peso. Pois bem, entrevistamos o novo xodó da torcida do Lazio, o pernambucano e nosso conterrâneo Hernanes. Com Hernanes, o Lazio voltará a disputar uma competição europeia (A UEFA Europa League), depois de na temporada passada ter lutado contra o rebaixamento. Confira alguns títulos e feitos de Hernanes:
- Medalha de Bronze com a Seleção Brasileira em Pequim
- Bicampeão brasileiro com o São Paulo (2007/2008)
- Bola de Prata Placar: 2007 e 2008
- Melhor jogador do Camp. Brasileiro 2008
- Seleção do Camp.Brasileiro: 2007, 2008 e 2009
- Perguntas:
1) Como foi sua infância aqui no recife? onde estudou, e quando e como achou que tinha talento para
jogar futebol?
- Eu nasci em Recife, mas passei boa parte da minha infância no interior do estado, em várias cidades. Tive uma infância simples, mas nunca me faltou nada e tive uma ótima base da minha família. Morei no Engenho São Lourenço e lá eu jogava pelada na rua, não chão de areia. Com oito anos eu entrei numa escolinha de futsal na cidade de Goiana e o treinador disse para o meu pai que eu levava jeito. Com 10 anos eu fui para Recife e com 11 comecei numa escolinha de futsal. O treinador da escolinha, que se chamava Vado, me levou para o Santa Cruz e então comecei a jogar futsal lá, treinado pelo Tito. Com 14 anos com anos comecei a jogar futebol de campo no Unibol e paralelamente continuei no futsal no colégio Boa Viagem, onde estudei.
2) Quais as primeiras experiências como jogador amador?
- Foram muitas experiências legais, mas acredito que as mais marcantes foram a conquista do bicampeonato estadual pelo Unibol, em 1999 e 2000, como sub-15.
3) Em qual (ou quais) jogador (es) em que você mais se espelhou?
- Quando comecei no campo, eu era lateral esquerdo, mesmo sendo destro. Eu me espelhei no Felipe, do Vasco, pois admirava o jeito que ele batia e conduzia a bola.
4) Pesquisei sobre sua carreira e vi que começou no extinto Unibol. Como foi ultrapassar essas barreiras? Sentiu muita pressão por parte de treinadores?
- O caminho até me tornar profissional pelo São Paulo foi longo, mas nunca senti pressão por parte dos treinadores. Quando saí do Unibol fui para São Paulo e fiz testes em vários clubes. Somente após um ano eu consegui passar no teste do São Paulo. Mesmo lá dentro eu tive dificuldades para me firmar, para me profissionalizar e mesmo depois de virar profissional ainda fui emprestado para o Santo André. Mas sempre acreditei que iria jogar pelo São Paulo e isso aconteceu.
5) Qual a diferença entre o futebol brasileiro (liga brasileira), e o futebol italiano (calcio), e em que aspectos a nossa liga tem evoluído mais?
- A diferença é que aqui se dá uma importância muito grande a parte tática. Aqui eles pensam “vamos nos defender bem e depois pensamos em atacar”. Já no Brasil o pensamento normalmente é inverso: o trabalho tático visa o ataque. Consequentemente aqui na Itália há muitos bons defensores e o jogo torna-se mais duro e pegado.
- São duas torcidas muito grandes, apaixonadas, mas é complicado fazer essa comparação. São culturas diferentes, aqui o povo é diferente. A maneira que os torcedores nos abordam aqui na Itália é mais calorosa, eles gostam de abraçar e até nos beijar, coisa que no Brasil não acontece.
7) Quais as mudanças do futebol brasileiro para o europeu?
- Tirando a parte de dentro do campo, há outras diferenças. A concentração aqui é mais leve. Eu nunca fiquei concentrado dois dias seguidos por exemplo. Os treinos também são em um período, já no Brasil às vezes se treina em dois períodos. No entanto aqui os treinos são mais intensos e há sempre uma mistura de tudo: técnico, tático, físico, mini-jogo. No Brasil os treinos costumam ser focados em um aspecto apenas.
8) Quais são suas expectativas como profissional?
- Meu primeiro objetivo é lutar para que o nosso time cresça na próxima temporada e chegue ao ponto de poder disputar o título do Campeonato. Também tenho a meta de me firmar na seleção e disputar a Copa de 2014.
9) Hernanes, projeta continuar na Lazio ou jogar em clube melhor?
- Tenho 5 anos de contrato com a Lazio e estou muito feliz aqui. Os torcedores e o time me receberam de forma fantástica e estou muito bem aqui.
10) Crê que a expulsão contra a França pode atrapalhar sua carreira na seleção?
- Acredito que não. O que aconteceu ali foi um acidente, tanto que foi a segunda expulsão de toda a minha carreira. Espero ter uma nova oportunidade e aproveitá-la de uma forma melhor.
11) A torcida do São Paulo e todos os brasileiros te admiram muito, além do seu futebol e seu perfil de jogador. Como você trata esses torcedores?
- Eu sempre procurei dar o máximo de atenção possível aos torcedores, ser educado, atender os pedidos que estão dentro do meu alcance. Minha concepção é de que o jogador tem um dever com o torcedor, já que ele é razão do futebol existir. Penso que o torcedor é uma das motivações de um atleta trabalhar, melhorar, buscar objetivos.
12) Na sua opinião, qual o maior problema da base em nosso país devido a escassez de camisas 10 brasileiros? Este fenômeno é só uma entressafra?
- Não considero um problema. Acho que às vezes a safra não vem com tantos jogadores desse perfil.
13) Qual a dica que você dá para os mais jovens?
- Primeiro a pessoa tem que querer. Depois tem que raciocinar se tem condições e se concluir que sim acreditar nisso com forte convicção e determinação, não desistir com os obstáculos que surgirão. Outro ponto importante é sempre ouvir e aprender pessoas mais experientes, como os treinadores.
*Participaram desta entrevista os redatores: Danton Brasil, Gabriel Pontes, Ícaro Alysson e Mateus Schuler
*Nós, da equipe QNFL, agradecemos a Comcept, agência de comunicação de Hernanes, através de Rodrigo Righetti, pela realização da entrevista