domingo, 22 de abril de 2012

Resultados iguais nas semi

Por Mateus Vilar Schuler (@reportermateus)

Joinville 1x1 Figueirense
O Figueirense começou a partida com uma certa vantagem, já que estava jogando na condição de visitante. Mas o JEC tratou logo aproveitar o fator casa para se dar bem. Aos 12, Ricardinho abriu o placar. Na 1ª etapa, o domínio foi total do tricolor. Mas na 2ª etapa, a postura do alvinegro mudou e muito. Logo aos 3, Guilherme diminuiu, deixando o Figueira de volta ao campeonato e com maiores chances de classificação.

Avaí 1x1 Chapecoense
Na Ressacada, o Avaí vacilou feio contra a Chape. Empate por 1x1 que agradou e muito o verdão do oeste, já que joga pela vitória dentro de casa. Aos 19 da 1ª etapa, Eliomar abriu o placar. O alívio não demorou muito para chegar, mas quando chegou foi para a torcida ir ao delírio. Aos 25, Nunes recebeu e mandou de letra para o fundo do gol, empatando o jogo.

Sport e Salgueiro largam na frente

Por Mateus Vilar Schuler (@reportermateus)
Salgueiro 2x1 Santa Cruz
No Sertão, o Salgueiro mostrou que tem força dentro de casa. Na 1ª etapa, jogo equilibrado, mas pressão maior do Carcará sobre a Cobra Coral, não obtendo êxito. Na 2ª, tricolor cresceu e nivelou a partida. Aos 10 minutos, os sertanejos tiveram a chance de ouro, mas Fabrício Ceará desperdiçou o impossível. Como "Quem Não Faz, Leva", o tricolor teve 2 chances e soube aproveitar. Na primeira, Renatinho chutou na trave. Na segunda, o gol. Aos 26, Renatinho chutou, Luciano espalmou e no rebote, Branquinho faz o 1º gol dele no campeonato e aliviava a torcida coral. Porém, como nem tudo são flores e por infelicidade do destino, o Salgueiro virou. Aos 41, Tamandaré tentou cruzar e meio que sem querer, acabou fazendo um golaço por falha de Tiago Cardoso. Aos 43, Edmar fez o gol da virada.

Náutico 1x2 Sport
Um jogo que teve de tudo. Pênalti marcado e não-marcado, lances polêmicos e (AINDA BEM!) gols. O Náutico começou jogando melhor, verdade seja dita, mas o leão foi quem saiu pulando de alegria na história. Após cruzamento da linha de fundo de Jheimy, Marcelinho aproveitou o passe e abriu o placar. Pouco depois, o timbu sentiu a pressão da torcida que queria ver gol e empatou com Ronaldo Alves, de cabeça, após cobrança de falta e desatenção da zaga leonina. Com isso, Sport foi para cima, conseguindo um pênalti. Marcelinho bateu e Gideão defendeu com o pé. Depois disso, nada de emoção na etapa inicial, à exceção da bola na trave de Souza já nos acréscimos. No 2º tempo, jogo seguiu seu rumo. Expulsão de Elicarlos, outro pênalti para o Sport, mas sendo esse infantil por parte de Jefferson e com Marcelinho voltando à artilharia, dando mais vantagem ao time rubro-negro.

A influência da ditadura militar brasileira na Copa de 70

Por Mateus Vilar Schuler (@reportermateus)
Taça Jules Rimet

Há 42 anos, a seleção brasileira conquistava o tricampeonato de futebol mundial, no México. Sendo a primeira a conquistar o título três vezes, desde que o campeonato fora criado, em 1930, teria o direito de trazer para o solo brasileiro a taça Jules Rimet. A seleção brasileira de futebol de 1970 foi considerada por muitos a maior de todos os tempos. Ao arrematar em apoteose a taça, tomou para si o estigma de um feito heroico, num espetáculo transmitido pela primeira vez para o povo brasileiro através da televisão. Com forte cobertura na mídia de então, a vitória da seleção brasileira em 1970 foi usada como instrumento de propaganda do regime militar. Nunca o futebol seria tão bem explorado como propaganda de um governo no Brasil como o foi em 1970. A taça Jules Rimet foi erguida pelo próprio presidente de então, Médici.

Presidente Médici erguendo a taça

Um dos anos mais tensos da história do Brasil foi 1970, além do próprio regime militar implantado em 1964. No ano anterior, as guerrilhas urbanas eclodiram pelo país. O sequestro de um embaixador norte-americano pela esquerda oposicionista revelou ao mundo o que até então os militares negavam veementemente, a existência de tortura no país. O ano da Copa começou com outro sequestro da esquerda, o do cônsul japonês, Nobuo Okushi. Iniciava-se aí uma sangrenta caça aos guerrilheiros. A finalidade era caçar todos e eliminar, numa condenação à revelia a uma pena de morte pré-determinada.

Momentos antes do início do campeonato, João Saldanha - técnico que classificara a seleção para a competição - foi afastado por motivos políticos, sendo substituído por Mário Jorge Lobo Zagallo, o popular Zagallo. Feitas as arestas ideológicas, o Brasil entrou em campo, eliminando todos os adversários, numa atuação antológica de um elenco luxuoso com Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Gérson e Carlos Alberto Torres entre outros. Enquanto o povo delirava com os gols, a economia atingia o auge do que se chamou “Milagre Econômico”, mostrando um país próspero e feliz. Nas celas os presos eram torturados, mortos e desaparecidos. Nas rádios o hino da copa ecoava para os noventa milhões de brasileiros: “Pra frente Brasil!”. A máquina de propaganda do regime militar nunca foi tão bem-sucedida como naquele ano, tendo como elemento principal a vitória da seleção e a imagem heroica dos seus jogadores. Comparado à história contemporânea, o uso da imagem da seleção brasileira do tricampeonato só perdeu para a propaganda do regime nazista, nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, também veiculada via rádio.

Capitão Carlos Alberto Torres e Presidente Médici erguem a taça

Na época da Copa de 1970, o Brasil vivia o auge do que foi chamado de “Milagre Econômico”, que aconteceu de 1969 a 1973, coincidindo com o governo do presidente general Emílio Garrastazu Médici. O milagre econômico proporcionou o aumento do PIB, que atingiu um crescimento anual de cerca de 10%, e uma inflação estabilizada em 18%. A produção industrial aumentou, proporcionando melhores níveis de emprego. A época coincidia com os juros baixos no mercado internacional, que passava por um momento de tranquilidade, investindo fortemente nos países em desenvolvimento, visando os grandes recursos naturais dessas nações como fiança aos empréstimos concedidos. Também as multinacionais faziam os seus investimentos no país. A facilidade de créditos internacionais levaria o Brasil a contrair, na época do regime militar, a maior dívida externa da sua história. Durante o milagre, as indústrias automobilísticas foram as que mais cresceram no país, gerando muitos empregos, e consequentemente, levando desenvolvimento a outros setores. Diante da prosperidade que parecia infindável, o governo militar aumentou a arrecadação de impostos.

Para justificar a continuação da sua ilegitimidade e permanecer no poder, os militares investiam em fortes campanhas de propaganda. Frases que evidenciavam a exaltação militar eram vinculadas nas rádios, televisões e jornais, como “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, “Ninguém Segura Este País” ou “Pra Frente Brasil”. A propaganda era estimulada através da música, de programas de televisão, jornais, revistas e rádios. Aproveitando-se da facilidade dos empréstimos internacionais, o milagre econômico gerou a era das obras monumentais, como a construção da Transamazônica, da ponte Rio-Niterói, da usina nuclear de Angra dos Reis, de barragens gigantescas, como a de Itaipu. No avesso da era do milagre, que beneficiou apenas a uma classe média emergente, estavam os arrochos salariais, favorecendo poucos capitalistas brasileiros e essencialmente, aos capitalistas de multinacionais. Os grandes investimentos estatais em obras colossais geraram mais o endividamento do país do que empregos seguros. Durante o período, houve quase que um abandono do governo aos programas sociais.

Slogan” da ditadura
O fim do milagre aconteceu em 1973, com a crise do petróleo, que acabou com o combustível barato e gerou uma das mais agudas crises da econômica mundial. Na época o Brasil dependia da importação de 80% do petróleo consumido internamente. A dívida externa, que em 1967 era de U$ 40 bilhões, chegava em 1972, quando o milagre já estava no fim, a 97 bilhões de dólares. Nos bastidores da ditadura militar, nunca a contestação ao regime atingira tanta violência. Com a promulgação do Ato Institucional 5 (AI-5), em dezembro de 1968, ficaram suspensos todos os direitos de habeas corpus a quem se opusesse ao regime ou fosse por ele declarado suspeito. O resultado foi o surgimento de organizações de esquerda que optaram pela guerrilha como forma de combater o regime militar. Entre as organizações que pegaram em armas estavam a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella; o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca.

Em setembro de 1969, os guerrilheiros sequestraram o embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick. A operação foi um sucesso, resultando na troca de quinze presos políticos pelo embaixador. Os prisioneiros foram postos em um avião e levados ao exílio. A vitória foi também política, pois evidenciou a prática da tortura, tantas vezes negada pelo regime militar. Em março de 1970, outro sequestro seria realizado, o do cônsul japonês Nobuo Okushi. Mais uma vez o Brasil e o mundo assistiram ao embarque de presos políticos para o exílio. A humilhação levou o regime militar a usar como lema da sua propaganda política a máxima “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, numa alusão à expatriação dos presos políticos, que perdiam direito à nacionalidade brasileira.

A resposta do regime militar aos sequestros foi rápida e violenta. Em novembro de 1969, o líder da ALN, Carlos Marighella, foi morto em São Paulo. A Operação Bandeirantes (Oban) institucionaliza a tortura, prendendo e matando lideranças de esquerda, acossando cada vez mais os opositores ao regime. Em janeiro de 1970, foram criados os Centros de Operações para a Defesa Interna (CODI), e os Departamentos de Operações Internas (DOI), que juntos formaram o DOI-CODI, responsável pela prisão, tortura e morte de centenas de líderes da oposição. O cenário para ver a seleção brasileira brilhar na Copa de 1970 estava pronto. O de terror nos cárceres da ditadura também.

O presidente Emílio Garrastazu Médici, que entrou para a história como o mais truculento e de linha dura do regime militar, assumia diante do povo a imagem do pai da nação, preocupado com o bem-estar moral da população e o progresso do país. Fazia parte do pacote a sua paixão pelo futebol, chegando a intervir na própria concepção da seleção brasileira. Médici fazia questão de integrar a imagem do governo com a do futebol, que na época tinha em campo o maior jogador do mundo, o incomparável Pelé. Em 1969, o Brasil aguardava com ansiedade o milésimo gol de Pelé. Quando o rei do futebol conquistou o seu feito, foi recebido em Brasília pelo presidente. Em novembro daquele ano, Pelé desfilava pela capital em carro aberto. Médici encerrava a apoteose do ídolo concedendo-lhe a medalha do mérito nacional e o título de comendador. Era apenas o início do namoro entre a propaganda política do Estado e o futebol brasileiro.


Craque do certame, Pelé ergue a taça
A escalação da seleção que iria ao mundial de 1970 enfrentou vários problemas de percurso. João Saldanha foi o técnico que depois de uma árdua e sofrida luta, conseguiu classificar a seleção para a copa. Durante a escalação, espalharam-se rumores de que o presidente Médici queria ver o jogador Dario, o Dadá Maravilha, escalado. Os boatos, jamais confirmados oficialmente, irritaram João Saldanha, que declararia à imprensa uma de suas mais contundentes frases: “O presidente escala o ministério dele que eu escalo o meu time”. João Saldanha foi, em seguida, demitido da seleção, pouco antes de ela seguir para o campeonato no México, sendo substituído por Mário Jorge Lobo Zagallo.

O motivo da demissão de João Saldanha ia muito além da sua declaração intempestiva. Suspeito de simpatizar e militar no Partido Comunista Brasileiro (PCB), o governo temia que o técnico chegasse ao México com uma lista de presos políticos no bolso, e que, em entrevistas coletivas, denunciasse para o mundo a tortura e o desrespeito aos direitos humanos que o regime militar infringia ilimitadamente. Resolvido o grande impasse político, a seleção, sob a tutela do técnico Zagallo, partiu para o México, em busca do tricampeonato do mundo, entrando de maneira mítica para a história do futebol brasileiro.

De 31 de maio a 21 de junho, a Copa do Mundo de 1970 foi disputada no México. No dia 3 de junho de 1970, o Brasil disputava a sua primeira partida no Estádio Jalisco, em Guadalajara, contra Tchecoslováquia. No campo desfilavam Pelé, Jairzinho, Tostão, Rivelino, Gérson, Piazza, Clodoaldo e tantos outros que seriam apontados como os componentes da maior seleção de todos os tempos. O Brasil venceria a Tchecoslováquia por 4-1. Em 7 de junho, venceria a Inglaterra por 1-0. Em 11 de junho, venceria a Romênia por 3-2, passando para a segunda fase de forma magnífica, empolgando o país e o mundo.

Time-base da seleção brasileira
No Brasil, o povo acompanhava a seleção em jogos transmitidos pela primeira vez pela televisão. O impacto era visível. Poucos privilegiados deram-se ao luxo de ver a transmissão em cores, adiantando-se em dois anos à chegada da tecnologia ao país, que se confirmaria em 1972. No meio da vibração do povo, ecoava com grande sucesso por todo o país, o hino da copa, “Pra Frente Brasil”, autoria de Miguel Gustavo.

O sucesso do hino e a empolgação extasiante do povo fizeram com que o governo começasse a usar a seleção como objeto de propaganda política. Paralelamente, no dia 11 de junho de 1970, em plena Copa, os guerrilheiros executavam um novo sequestro, desta vez ao embaixador alemão, Von Holleben. O regime recrudesceu ainda mais, abarrotando as celas de presos políticos, intensificando a tortura e o número de mortos e desaparecidos.

Em 14 de junho, a seleção brasileira derrotava o Peru por 4-2. Em 17 de junho derrotou o Uruguai por 3-1, passando para a fase final. No dia 21 de junho de 1970, o Brasil enfrentava a Itália, na Cidade do México. Numa das partidas mais emocionantes da história do futebol brasileiro, venceu os italianos por 4-1, tornando-se tricampeão mundial. Apagava de vez a fraca atuação na copa de 1966, na Inglaterra. O último título tinha vindo em 1962, no governo democrático de João Goulart. O Brasil assistia em frente à televisão, o capitão da seleção, Carlos Alberto Torres, a erguer a taça Jules Rimet, um troféu com quase quatro quilos de ouro.


Revista "O Cruzeiro" valorizando o tricampeonato

“Noventa Milhões em ação,
Pra frente Brasil,
Do meu coração...
Todos juntos vamos,
Pra frente Brasil,
Salve a seleção!”

“De repente
É aquela corrente pra frente
Parece que todo Brasil deu a mão...
Todos ligados na mesma emoção...
Tudo é um só coração!”


Lista da Seleção de 1970

Carlos Alberto Torres
Jair Ventura Filho (Jairzinho)
Clodoaldo Tavares de Santana (Clodoaldo)
Joel Camargo (Joel)
Dario José dos Santos (Dadá Maravilha)
Jonas Eduardo Américo (Edu)
Edson Arantes do Nascimento (Pelé)
José de Anchieta Fontana (Fontana)
Eduardo Gonçalves de Andrade (Tostão)
José Guilherme Baldocchi (Baldocchi)
Eduardo Roberto Stinghen (Ado)
José Maria Rodrigues Alves (Zé Maria)
Emerson Leão (Leão)
Marco Antônio Feliciano (Marco Antônio)
Everaldo Marques da Silva (Everaldo)
Paulo César Lima (Paulo César Caju)
Félix Miéli Venerando (Félix)
Roberto Lopes de Miranda (Roberto Miranda)
Gérson de Oliveira Nunes (Gérson)
Roberto Rivelino (Rivelino)
Hércules Brito Ruas (Brito)
Wilson da Silva Piazza (Piazza)
Carlos Alberto Torres ergue taça após vitória de 4-1 sobre a Itália na final

Vídeo com os gols da final


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